Tendo gêmeas—ou mais!
A gravidez é um momento emocionante e muitas vezes avassalador na vida de uma mulher. Com gêmeas, a emoção pode dobrar—e o estresse também. Muitos aspectos da gravidez são diferentes ao se esperar múltiplos bebês, mas se a sua gestação está sendo acompanhada por profissionais de saúde, há pouco motivo para preocupação. Milhares de mulheres dão à luz gêmeas e trigêmeas saudáveis todos os dias.
O corpo feminino pode se adaptar muito bem para gestar várias bebês ao mesmo tempo—ou múltiplos, como são geralmente chamados. Porém, existem algumas questões que precisam ser consideradas se você espera mais de uma bebê.
Como ocorre uma gravidez múltipla?
Gêmeas, trigêmeas ou, em casos muito raros, quadrigêmeas ou ainda mais bebês podem se desenvolver no útero materno ao mesmo tempo. Isso acontece quando um único óvulo é fecundado por um único espermatozoide e em seguida se divide em vários embriões, ou quando mais de um óvulo é liberado simultaneamente e cada um é fecundado por espermatozoides diferentes. Quando mais de um óvulo é liberado durante a ovulação, isso é chamado de hiperovulação.
Existem dois tipos de gêmeas: idênticas e fraternas.
As gêmeas idênticas ou monozigóticas desenvolvem-se a partir de um único óvulo fecundado por um espermatozoide, que se divide em dois embriões no início da gravidez. As gêmeas idênticas podem compartilhar a placenta e ter bolsas amnióticas diferentes, ter placentas e bolsas separadas ou, raramente, compartilhar tanto a placenta quanto a bolsa amniótica. Nesses casos, o acompanhamento da gestação é mais complexo.
Acredita-se que esse tipo de gestação está mais relacionado ao acaso do que à genética. Gêmeas idênticas possuem a mesma composição genética. Elas terão o mesmo DNA, o mesmo sexo biológico e características visuais semelhantes—cor dos cabelos, cor dos olhos, constituição física, etc. No entanto, cada uma desenvolverá sua própria personalidade e identidade. Um mito comum é que gêmeas idênticas têm impressões digitais iguais, mas isso não é verdade.
Gêmeas fraternas ou dizigóticas se desenvolvem a partir de dois óvulos diferentes fecundados por dois espermatozoides distintos. Não são geneticamente idênticas, e suas características serão tão similares ou diferentes quanto a de irmãs nascidas em gestações separadas. Mulheres com histórico familiar de gêmeas têm mais chances de ter gêmeas fraternas, que geralmente possuem placentas e bolsas amnióticas separadas.
As trigêmeas podem ser todas idênticas ou podem se desenvolver de óvulos diferentes. Pode parecer surpreendente, mas é comum que duas trigêmeas sejam idênticas, enquanto a terceira se desenvolve de um óvulo distinto fecundado por outro espermatozoide.
Se as bebês têm bolsas amnióticas separadas, geralmente são fraternas. Se o ultrassom indica apenas uma bolsa amniótica, supõe-se que sejam idênticas, mas isso nem sempre acontece.
Gravidez de gêmeas é mais comum atualmente?
Alguns dados indicam que, no século XXI, mais gêmeas nascem a cada ano do que nunca.
Estima-se que 1 em cada 250 gestações naturais resulte em gravidez de gêmeas. Avanços na medicina fizeram com que as mães pudessem levar essas gravidezes até o parto com mais segurança, mesmo quando, no passado, poderiam resultar em abortos espontâneos. Com o uso de tratamentos de fertilidade, a taxa de gestações múltiplas aumenta drasticamente, gerando ainda mais nascimentos.
Outros fatores que podem contribuir para o aumento de gravidezes múltiplas incluem o estilo de vida e a idade materna mais avançada. A hiperovulação é mais comum em mulheres acima dos 30 anos e em mulheres mais altas ou com maior peso. Hiperovulação também é um traço genético; ou seja, quanto mais gêmeas nascem, mais descendentes tenderão a produzir gêmeas fraternas.
Quão cedo é possível detectar se espera gêmeas?
Se múltiplas bebês estão se desenvolvendo no seu útero, alguns sinais iniciais da gravidez podem ser diferentes. O hormônio Gonadotrofina Coriônica Humana (hCG), que ajuda no desenvolvimento do embrião no primeiro trimestre, é produzido em quantidades maiores em gestação múltipla. Esse hormônio também é responsável pelos enjoos e pela sensibilidade nas mamas. Níveis elevados de hCG podem indicar gravidez de gêmeas. Esses níveis podem ser medidos em exames de sangue ou urina.
Se você suspeita estar grávida de gêmeas, sua médica pode solicitar exames para confirmar. A maior parte das mães descobre que está esperando múltiplas bebês durante o ultrassom de rotina, geralmente por volta das 12 semanas de gestação.
Uma vez confirmado que uma mulher espera mais de uma bebê, ela será acompanhada mais de perto em consultas pré-natais frequentes para monitorar possíveis complicações. Claro que nem toda gravidez de gêmeas será considerada de alto risco.
Como será minha gravidez de gêmeas?
Devido aos níveis hormonais acima da média, o primeiro trimestre provavelmente virá com enjoos mais intensos, dores nas mamas, fadiga, vontade frequente de urinar, azia e outros sintomas típicos da gravidez. Esses desconfortos tendem a diminuir no segundo trimestre, por volta da época em que a barriga começa a deixar evidente que você espera gêmeas.
Como você carrega duas bebês ao mesmo tempo, seu corpo suportará uma carga maior: dores nas costas são comuns, dificultando até o sono. O corpo produzirá mais sangue para garantir todo oxigênio e nutrientes para ambas; esse aumento também pode elevar sua pressão arterial.
O ganho de peso será maior para sustentar o desenvolvimento das bebês, mas não é preciso “comer por três”. Uma mulher grávida de apenas uma bebê costuma ganhar cerca de 11 quilos durante a gestação; mães de gêmeas ganham entre 16 e 25 quilos, dependendo do biotipo.
Como em toda gravidez, os médicos orientam uma dieta saudável, variada e rica em nutrientes de todos os grupos alimentares, priorizando o ganho gradual de peso.
Alguns dos riscos que acompanham uma gestação múltipla incluem:
- pressão arterial elevada
- diabetes gestacional
- anemia
- maior risco de pré-eclâmpsia
- maior risco de aborto precoce
Sua equipe de saúde fará um acompanhamento rigoroso para identificar riscos potenciais e prescrever suplementos como ácido fólico e ferro para reduzir a chance de anemia.
Parto
Gêmeas e trigêmeas costumam nascer prematuras. Enquanto a gestação comum dura até 40 semanas, gêmeas nascem normalmente entre 34 e 38 semanas. Se o parto ocorre após a 37ª semana é considerado normal e não há motivo para preocupações extras se elas estiverem saudáveis. Caso nasçam antes, precisarão de cuidados especiais, assim como outros prematuros.
Se o trabalho de parto não começar espontaneamente dentro desse período, sua médica pode recomendar a indução, já que prolongar a gestação de gêmeas envolve riscos adicionais para mãe e filhas.
O parto por cesariana é mais provável em nascimentos de gêmeas e trigêmeas, pois frequentemente as bebês estão em apresentação pélvica (sentadas ou com os pés à frente). Se a primeira bebê estiver na posição correta, o parto pode ser vaginal. Às vezes, uma mulher dá à luz a primeira por parto normal e precisa de cesárea para a segunda. Também é possível um parto vaginal de bebês pélvicas se houver profissional experiente assistindo.
Em alguns casos, dois times de médicas ou parteiras auxiliam no parto de gêmeas—uma equipe para cada bebê.
Após o parto
Gestação de múltiplas bebês é desafiadora. Exige ainda mais do corpo do que uma gestação única. Carregar múltiplas bebês desloca o centro de gravidade para frente e a recuperação pós-parto pode demorar mais. Todo esse estresse pode ser avassalador, por isso é essencial que a mãe cuide do seu bem-estar físico e emocional.
A depressão pós-parto é bastante comum em mães de gêmeas devido às intensas alterações hormonais e à demanda de cuidar de duas ou mais bebês 24 horas por dia, especialmente se nasceram prematuras.
Toda mãe deve pedir ajuda a pessoas de confiança—companheira, familiares, amigas. Mães de múltiplas bebês devem, sem dúvidas, delegar tarefas e permitir que outras ajudem, evitando o risco de exaustão. Pedir ajuda faz bem tanto para as bebês quanto para a mãe.
Desde os primeiros dias, a criação de gêmeas pode trazer desafios psicológicos extras: E se eu confundi-las? E se uma receber mais atenção que a outra? Terei tempo para mim? Converse com pessoas de confiança e, se possível, busque terapia para lidar com emoções difíceis. Lembre-se: você sempre será a mãe delas, e elas, suas filhas. Trocar as bebês ocasionalmente é completamente normal nos primeiros tempos. Logo suas personalidades vão aflorar e será fácil diferenciá-las.
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