Dor na Axila: Por que Minha Axila Dói?
Além da eterna dúvida sobre depilar ou não, a axila não costuma ser o primeiro lugar que pensamos como fonte de dor. Porém, a axila é uma junção importante onde o braço encontra o resto do corpo, e a dor pode surgir nessa região.
Diversos músculos e ligamentos do ombro, tórax e parte superior das costas convergem ali, e a axila contém estruturas neurovasculares importantes como a veia axilar, a artéria axilar, os nervos do plexo braquial e vários agrupamentos de gânglios linfáticos em níveis profundos e superficiais. A dor associada a qualquer uma dessas estruturas pode, às vezes, surgir na axila.
A palavra axila vem do latim e é o termo técnico e médico para “a cavidade sob a articulação do ombro, ou axila”; axilar significa “relativo à axila” (não confundir com auxiliar, que significa “ajuda ou suporte adicional”). A dor axilar pode ter diversas causas potenciais, a maioria não muito graves. No entanto, há situações em que a intervenção médica é necessária. Este artigo aborda condições que podem afetar suas axilas.
Por que minha axila dói?
Embora existam muitas causas possíveis para a dor na axila, a mais comum — e menos preocupante — é a distensão muscular, ou esforço excessivo. Na maioria dos casos, os efeitos podem ser aliviados em casa com repouso e alongamento leve, sem necessidade de tratamento médico adicional.
Distensão muscular na axila ocorre quando um ou mais músculos da região são esticados demais ou até mesmo rompidos. Os músculos mais afetados costumam ser o peitoral maior (o maior músculo da parede torácica), o peitoral menor (músculo fino e triangular na parte superior do tórax) e o subescapular (músculo do manguito rotador do ombro).
Sintomas típicos que acompanham a distensão muscular na axila incluem:
- dor e sensibilidade
- inchaço
- espasmos musculares
- amplitude de movimento limitada
Qualquer atividade repetitiva ou intensa que envolva os braços — como musculação, arremessos, remo e movimentos similares — pode facilmente sobrecarregar os músculos da axila, especialmente se você não estiver aquecida ou não estiver acostumada a exercitar esses músculos.
Movimentos bruscos do braço às vezes podem afetar o nervo axilar e causar desconforto. O nervo axilar começa na axila e inerva o músculo deltoide, que confere o contorno arredondado aos nossos ombros, e o redondo menor, um dos quatro músculos do manguito rotador que mantêm a cabeça do úmero no encaixe do ombro, permitindo a rotação completa dos ombros. Lesões na área do ombro também podem afetar o nervo axilar, causando dor na região da axila.
Má postura pode influenciar os nervos ao redor e causar dor nas axilas. Ficar corcunda ou com os ombros arredondados pode gerar um desequilíbrio na utilização dos músculos do ombro, aumentando o risco de distensão muscular na axila.
Como tratar distensão muscular na axila
Se você estiver com distensão muscular axilar ou lesão nos músculos da região da axila, descanse e reduza a inflamação antes de voltar a realizar exercícios suaves.
Repouso. Evite movimentar o braço e o ombro enquanto houver dor (e mantenha o repouso um pouco mais, por precaução). Dar tempo suficiente para os músculos se recuperarem é essencial.
Reduza a inflamação. Uma compressa fria ou bolsa de gelo aplicada na axila por 15–20 minutos várias vezes ao dia pode ajudar a diminuir a dor e a inflamação. Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como ibuprofeno ou naproxeno, também podem ser usados.
Quando a dor não estiver mais aguda, comece a fazer exercícios suaves para recuperar força e flexibilidade. Se a dor voltar, pare imediatamente e dê mais tempo para se recuperar. Se a dor for intensa, consulte uma fisioterapeuta para indicações de exercícios adequados para o seu corpo e que apoiem a recuperação da lesão específica que você teve.
O que mais pode causar dor na axila?
Diversas condições podem afetar as estruturas da axila. Problemas em regiões próximas — como pescoço, ombros ou seios — também podem causar dor irradiada ou referida na axila.
Lesões superficiais costumam ser fáceis de identificar, mas dores provenientes de estruturas internas mais profundas podem ser difíceis de localizar. Dor irradiada é sentida no ponto de origem e se espalha para os tecidos ao redor. Dor referida é aquela que sentimos em outro lugar do corpo, diferente do local de origem do problema.
Outras condições que podem causar dor na axila incluem:
- intertrigo axilar e outras condições tópicas da pele
- hidradenite supurativa ou glândulas sudoríparas bloqueadas
- quaisquer condições ou medicamentos que afetam o sistema linfático ou imunológico
- oscilações hormonais
- condições mais graves, como câncer, lúpus ou doenças cardíacas
Saliências pequenas e dolorosas na axila
Erupções cutâneas podem surgir por inúmeras razões, mas duas causas comuns nessa região são a foliculite devido à má técnica de depilação e o intertrigo axilar, condição resultante do atrito entre pregas de pele em ambiente quente e úmido. Embora possa ocorrer em qualquer pessoa, habitantes de locais quentes e úmidos, pessoas com obesidade ou diabetes são mais suscetíveis. Ambas as situações podem ser agravadas por infecções virais, bacterianas ou fúngicas.
Para evitar foliculite causada pela depilação, use lâmina limpa e afiada, depile as axilas limpas e úmidas com sabão ou espuma, em passadas leves e curtas. Após depilar, enxágue com água fria e aplique compressa gelada para fechar os poros. É uma condição temporária, mas pode demorar semanas para cicatrizar se irritada constantemente. Medidas para acalmar a pele e diminuir a inflamação são sempre úteis.
Intertrigo é uma condição comum, que pode aparecer em qualquer dobra de pele sujeita ao atrito. O atrito danifica a pele, favorecendo a entrada e proliferação de bactérias ou fungos. Infecções secundárias no intertrigo axilar podem ser fúngicas, como pela cândida, ou bacterianas, como com staphylococcus aureus.
O intertrigo pode ser doloroso e desagradável, especialmente se evoluir de lesões que coçam, ardendo e queimam para feridas abertas, úmidas ou com sangramento, chegando a apresentar pus e odor desagradável. No entanto, a condição tem tratamento.
Para ajudar a pele a cicatrizar do intertrigo, mantenha-a seca, limpa e fresca. Use roupas folgadas e arejadas, seque a pele com batidinhas (não esfregando), use ventilador ou secador frio 2–3 vezes ao dia para eliminar a umidade, e utilize desodorante suave para reduzir o suor. Sem infecção, cremes ou géis podem ser aplicados para evitar atrito ou proteger a área com gaze ou algodão fino.
Se houver infecção, procure orientação médica o quanto antes. Apenas exames podem confirmar se trata-se de infecção fúngica, viral ou bacteriana. Uma vez confirmado o diagnóstico, inicie o tratamento antifúngico ou antibiótico conforme orientação profissional.
Saliências grandes e dolorosas na axila
Se você notar um ou mais caroços grandes se formando na axila, pode estar com glândulas sudoríparas inflamadas ou infectadas. Essa condição é chamada de hidradenite supurativa (HS); também conhecida como acne inversa, embora tecnicamente não seja acne.
A HS é uma doença inflamatória crônica que afeta as glândulas sudoríparas apócrinas, presentes em regiões com folículos pilosos, principalmente axilas e virilha. Pesquisadoras ainda desconhecem o motivo do bloqueio dessas glândulas, mas, quando ocorre, o suor fica retido, favorecendo a proliferação de bactérias e fungos. Trata-se de uma condição inflamatória sistêmica, relacionada ao sistema imunológico, mas não considerada autoimune. A HS pode ter fator genético, ocorrendo em várias pessoas da mesma família.
A HS costuma se manifestar na puberdade, evoluindo de pequenas lesões vermelhas, doloridas e pruriginosas, com odor e secreção, até grandes cistos que viram feridas abertas, deixando cicatrizes ao cicatrizar; às vezes, um agrupamento de cravos pretos forma-se na região. Uma glândula apócrina bloqueada pode dar origem a um nódulo do tamanho de uma bolinha de gude. Esses caroços tendem a regredir em 1–2 semanas e NÃO devem ser espremidos, pois isso só piora o quadro.
Infelizmente, não existe cura conhecida para HS, mas é possível controlar a condição — embora haja recorrência frequente. Sem tratamento, pode levar a lesão permanente da pele, redução na drenagem linfática, diminuição da mobilidade e outras complicações.
Se você convive com HS, seja gentil consigo mesma. Viver com essa condição é doloroso e o odor do suor retido com bactérias pode agravar o desconforto. Não surge por falta de higiene, mas uma rotina de cuidados pode ajudar. Alimente-se bem, mexa-se, durma bem. Se fuma, abandone o cigarro. Para algumas pessoas, eliminar laticínios e suplementar zinco é benéfico. Banho com sal de Epsom também pode aliviar e acalmar a pele.
Seja gentil ao lavar a pele. Evite produtos irritantes, com substâncias químicas, conservantes, perfumes ou desodorante com sais de alumínio. Sabonetes antissépticos com peróxido de benzoíla ajudam a reduzir o número de bactérias na pele, auxiliando no controle do odor e da infecção. Depilar pode lesionar a pele — prefira aparar os pelos.
A condição pode agravar-se e dificultar o manejo doméstico. Mantenha uma comunicação aberta com sua médica para que ela indique tratamentos conforme necessidade. Entre os mais comuns estão antibióticos orais e tópicos, corticosteroides para dor e inflamação, retinoides orais para suporte da pele, terapias biológicas e terapia de pressão negativa para puxar o pus das feridas.
Devo me preocupar com os pelos da axila?
Infelizmente, os pelos axilares ainda são tema polêmico para mulheres, embora façam parte da natureza humana. Depilar ou não raspar as axilas (ou qualquer região) é questão estética, pouco relacionada à higiene e saúde.
É comum associarmos pelos nas axilas ao aumento do suor, mas não há relação direta. Suamos com ou sem pelos, e raspar ou depilar pode favorecer pelos encravados ou infecção devido a cortes, aumentando ligeiramente as chances de inflamação das glândulas sudoríparas.
Saiba mais sobre pelos corporais aqui.
Como saber se a dor na axila é nos gânglios linfáticos?
Gânglios linfáticos são pequenas estruturas em formato de feijão presentes em todo o corpo, responsáveis por filtrar a linfa e combater infecções. A maioria está localizada em regiões profundas, mas alguns grupos estão mais superficiais, como nas axilas, laterais do pescoço e virilhas. Quando o corpo enfrenta infecções, os gânglios próximos costumam inchar e ficar sensíveis ao toque.
O tamanho dos gânglios varia conforme a região. Os das axilas geralmente são do tamanho de um pequeno feijão — um oval de cerca de 1 cm envolto em tecido adiposo. Quando há infecção ou inflamação, podem inchar até tamanho de uma uva. Qualquer aumento nos gânglios chama-se linfadenopatia; quando o inchaço resulta de infecção viral ou bacteriana, chamamos de linfadenite.
Gânglios inchados e doloridos podem ser resultado de um simples resfriado, mas também podem sinalizar condições mais graves, como doenças imunológicas (HIV/AIDS, lúpus), diversos cânceres incluindo câncer de mama, artrite reumatoide, outras doenças inflamatórias e uma infinidade de infecções bacterianas, virais e fúngicas.
Se notar seus gânglios inchados, verifique se há outros sintomas pelo corpo e atente para sua saúde geral. “Glândulas inchadas” sempre sinalizam alguma condição subjacente, que precisa ser identificada para o tratamento — seja antibiótico, antiviral ou antifúngico — adequado ser iniciado.
Dor na axila pode ser hormonal?
Sim, em alguns casos, a dor na axila está relacionada a alterações hormonais. Em determinados momentos do ciclo menstrual, especialmente na ovulação e na fase pré-menstrual, é comum sentir os seios mais sensíveis ou doloridos. Essa sensação pode se estender para áreas próximas onde há gânglios linfáticos, como as axilas. Sensibilidade nos seios também é comum durante a gravidez e na perimenopausa.
Dor na axila pode ter relação com o coração?
A dor visceral — ou seja, aquela que vem dos órgãos internos — pode ser difícil de localizar. Em raros casos, dor na axila esquerda pode estar relacionada a questões cardíacas devido à proximidade do coração com o lado esquerdo do tórax.
A dor referida por problemas cardíacos, incluindo dor intensa de infarto, pode às vezes irradiar para braço esquerdo, ombro, mandíbula ou axila. Se você sentir dor na axila persistente ou intensa, acompanhada de outros sintomas como desconforto no peito, falta de ar, tontura ou náusea, procure atendimento médico imediatamente.
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