Virgindade é o estado de ainda não ter tido relações sexuais. É impossível saber se uma mulher ou homem é virgem apenas olhando para ela ou ele. Virgindade é um conceito—não existe uma definição médica ou biológica para virgindade. É um status mitificado, a ideia de transição de um estado para outro, uma iniciação após a qual o status informal de uma pessoa mudou.
Existem muitos mitos e mentiras em torno da ideia de virgindade. Mesmo quem já é sexualmente ativa pode ter dúvidas. É necessário ampliar e desenvolver a conversa pública sobre virgindade e ‘perdê-la’, pois ela está intimamente ligada tanto à nossa saúde sexual quanto ao nosso bem-estar geral, e queremos impedir que mitos e inverdades sejam transmitidos para as próximas gerações.
Virgindade é um conceito cultural—refere-se ao período da vida antes das relações sexuais. A perda da virgindade é muitas vezes associada ao sexo vaginal penetrativo, mas a experiência sexual também pode acontecer por via oral, anal ou através de estimulação manual. A diferença do sexo vaginal entre um homem e uma mulher é que ele pode levar à procriação, enquanto os outros não, mas todos são formas de relação sexual.
Estresse, medo e expectativa—para muitas pessoas, essas palavras são sinônimas de fazer sexo pela primeira vez. Um dos mitos mais persistentes sobre a primeira vez que uma mulher permite a entrada de um pênis em sua vagina é que isso, com certeza, será doloroso para ela. Isso não precisa ser verdade. É o medo e a preocupação que fazem com que os músculos da vagina se contraiam e dificultem a lubrificação vaginal; essas circunstâncias tornam a penetração desagradável para qualquer uma.
Se você puder compartilhar sua primeira experiência de intimidade sexual com uma parceira de confiança e atenciosa, você pode ir com calma e aprender juntas o que traz prazer. Mas, para a maioria de nós, essas primeiras experiências estão longe do ideal porque não sabemos o que estamos fazendo e nem como conversar sobre isso.
Outro equívoco comum é achar que o rompimento do hímen—ou 'perder o cabaço'—é doloroso. Isso também é um mito.
O hímen é uma pequena membrana irregular localizada logo na entrada da vagina. Embora possa oferecer alguma proteção contra bactérias antes do crescimento dos pelos pubianos, a maioria das comunidades médicas reconhecem o hímen apenas como um resquício do desenvolvimento vaginal.
Mesmo usando um espelho e uma lanterna, é praticamente impossível para uma mulher encontrar seu próprio hímen. Ele se parece bastante com as demais membranas das pregas e do tecido vaginal. Uma parceira também dificilmente conseguirá identificá-lo.
Em algumas culturas, acredita-se que um hímen 'intacto' é prova de virgindade—se uma mulher sangra na primeira transa, acredita-se que é porque seu hímen foi rompido, significando que ela perdeu a virgindade.
Na realidade, o hímen não tem terminações nervosas, ou seja, não se pode senti-lo—mas ele possui pequenos vasos sanguíneos que mantêm o tecido saudável. Esses vasos podem se romper durante a relação, alimentando o mito, mas as outras membranas genitais sensíveis são tão ou até mais delicadas.
[Avaliando a Precisão: Compreendendo a Confiabilidade dos Testes de Gravidez]
Outro mito contado a muitas meninas é que elas podem perder a virgindade usando absorvente interno. Na verdade, em quase todas as meninas, o hímen não cobre totalmente o orifício vaginal, geralmente tem formato de meia-lua, com uma abertura que permite o fluxo menstrual e normalmente é grande o suficiente para o absorvente. Se a abertura parecer muito estreita, use absorventes externos; depois pode começar a usar internos quando quiser. Em todo caso, não hesite em pedir orientação à sua médica ou ginecologista!
Não existe apenas um tipo 'normal' de hímen. Muitas mulheres nunca percebem que tiveram um, e algumas meninas já nascem sem ele. Em uma pequena parcela, o hímen cobre totalmente a entrada da vagina.
Em algumas culturas, jovens sem hímen são incentivadas a fazer uma himeneoplastia para 'restaurar a virgindade', fazendo o hímen parecer intacto para que a mulher possa 'passar no teste de virgindade' e provar ao futuro marido que nunca teve relações.
Na verdade, diversas atividades físicas podem desgastar o hímen, como ginástica, andar a cavalo, pedalar, usar absorvente interno ou masturbar-se, e nada disso tem a ver com virgindade. Em democracias liberais, onde mulheres são vistas como independentes, tais práticas são consideradas uma violação dos direitos femininos.
Mulher, homem ou pessoa intersexo, não há como saber se alguém já fez sexo ou não. Não ocorre nenhuma mudança física ou biológica após o sexo, e é impossível julgar pela performance na cama. Como em qualquer outra coisa, a experiência sexual é adquirida com o tempo; algumas pessoas são mais ativas e interessadas em aprender sobre os prazeres sexuais, enquanto outras têm relacionamentos e parceiras, mas não desenvolvem seu entendimento.
Outro ponto importante é que sexo e amor não necessariamente andam juntos. Algumas pessoas realmente precisam sentir-se apaixonadas para fazer amor—para elas é pré-requisito para uma vida sexual satisfatória. Mas isso não é uma verdade absoluta para todas.
Se você se sentir pressionada a fazer algo que não quer, não terá sexo seguro e prazeroso.
A primeira vez costuma ser inesquecível; porém, raramente essas lembranças são maravilhosas e agradáveis. Assim como ao tentar qualquer coisa nova, a tendência é focar no "como fazer", e por conta do estresse não aproveitar o momento. Para a maioria, a experiência melhora com o tempo e as próximas vezes serão inesquecíveis por emoções e sensações muito mais agradáveis. Ninguém nasce sabendo tudo sobre a arte de fazer amor; tudo é aprendido com prática e interesse, inclusive pela teoria.
[MITO DESFEITO: Desmistificando a ideia de que virgens não podem engravidar]
Outro mito sobre virgindade, com possíveis consequências para a vida, é o de que uma mulher não pode engravidar na primeira transa. Relação sexual pode levar à gravidez na primeira, quinta ou vigésima vez! Se uma mulher faz sexo penetrativo onde o parceiro ejacula dentro da vagina sem proteção, e isso ocorre nos dias férteis do ciclo, a gravidez é uma possibilidade real. Para evitar uma gravidez indesejada, conheça seu corpo—entenda e acompanhe o ciclo menstrual e use contraceptivos. Lembre-se: é possível contrair uma IST (infecção sexualmente transmissível) logo na primeira transa, então use camisinha. Reserve o sexo sem proteção para quando estiver em um relacionamento comprometido e ambos estejam seguros.
Perder a virgindade não é necessariamente motivo para ir ao médico, mas cuidados regulares são parte fundamental da saúde sexual. Seja ou não sexualmente ativa, é importante consultar um profissional ao menos uma vez por ano. Após tornar-se sexualmente ativa, procure uma ginecologista para orientações sobre saúde sexual e reprodutiva, incluindo contraceptivos. Lembre-se—assim como usar absorvente interno, o exame ginecológico não rompe o hímen! Se sentir dores menstruais preocupantes, corrimento anormal, dor genital ou pélvica ou notar sinais de infecção ou IST, procure atendimento sem hesitar! E os homens podem procurar um urologista para consultar sobre saúde sexual e reprodutiva.
Geralmente ouvimos falar apenas do sofrimento feminino na primeira vez—dor e sangramento—mas para homens a experiência também pode ser estressante. Eles se sentem pressionados a "dar conta", especialmente na estreia. Preocupação e nervosismo podem dificultar a ereção, e não se coloca camisinha em pênis mole. Ou podem não conseguir manter a ereção—acaba rápido, antes da hora. Ou a ejaculação acontece cedo demais, terminando antes de a parceira se envolver. Relaxe e comunique-se. Com experiência, você entende melhor seu corpo, o que traz prazer e o que estimula. Atenção à parceira, disposição para sentir as sensações e bom humor contribuem bastante. Ser iniciante é maravilhoso porque só tende a melhorar.
Não existe idade ou momento perfeito para perder a virgindade. Quanto mais jovem, menos se sabe sobre sexualidade e contracepção, maior a influência de estereótipos, mitos e pressões.
Não tenha pressa! Maturidade emocional e responsabilidade só tornam a experiência melhor. Não se preocupe se suas amigas já fizeram. Não ceda à pressão do grupo para dar um passo que não sente segurança! É uma decisão pessoal e individual.
Se você começa a vida sexual apenas para não se sentir deslocada, antes de estar pronta emocional e fisicamente, pode acabar pior do que se sentindo a última virgem do grupo. Para algumas pessoas, apressar-se nesta decisão trouxe consequências negativas. Afinal, intimidade sexual exige vulnerabilidade. Respeitando sua própria voz interior você encontrará o ritmo certo para você. Considere não só o desejo, mas também a confiança e maturidade emocional do provável parceiro da primeira vez. Você se sente segura que ambas estão cuidando do interesse uma da outra?
O momento certo de perder a virgindade é quando for o momento certo para você—isto é, quando você (e não as outras!) sentir vontade de começar a explorar esse aspecto de si mesma.
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