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Os Lados Bons e Ruins da Pornografia

A pornografia é um gênero popular de filmes adultos que gera 90 bilhões de dólares anualmente em receitas globais. Muitas pessoas gostam de assistir a filmes adultos, independentemente do seu estilo de vida e estado de relacionamento. Algumas assistem pornografia sozinhas, enquanto outras usam para apimentar o momento a dois. Embora os filmes adultos possam trazer novidades à sua vida sexual, é importante assisti-los com responsabilidade e buscar fontes de comércio justo.

Explorando Perspectivas - Revelando as Realidades Complexas da Pornografia.

A pornografia mainstream é problemática de várias formas e pode influenciar negativamente o relacionamento íntimo das espectadoras e sua autoestima. Como há uma demanda tão alta por conteúdo pornográfico, muitos provedores de conteúdo não têm muitos escrúpulos sobre como ganham dinheiro. No entanto, há quem rejeite a pornografia tradicional em favor da erotica ética.

A reputação escandalosa da pornografia não é imerecida. Embora conteúdo sexual não seja inerentemente ruim, a demonização da indústria do sexo fez com que ela não fosse considerada um negócio legítimo, provocando a total falta de regulamentação nas práticas de gravação e seleção. Isso deixa as trabalhadoras do sexo, especialmente as mulheres, desprotegidas e permite que muitos danos passem despercebidos.

As pessoas mais conservadoras argumentam que a melhor forma de proteger quem está envolvida seria erradicar completamente a pornografia. Contudo, segundo estatísticas recentes, 28.258 usuárias estão online assistindo a filmes adultos a cada segundo. Como é impossível eliminar a necessidade humana de sexo, também é impossível erradicar a indústria criada para satisfazê-la — seja ela ética ou não. É muito mais produtivo reconhecer a inevitabilidade do conteúdo sexual online, pois isso abre espaço para conversas sobre como mudar a indústria e melhorar a vida das pessoas afetadas por ela.

Mas o que exatamente precisamos mudar?

Expectativas e Representação

É importante entender que o sexo retratado na maior parte da pornografia é uma encenação. Atrizes e atores buscam estimular quem assiste com linguagem corporal exagerada, gemidos e posições que podem ser desconfortáveis, mas permitem o melhor ângulo para a câmera durante todo o ato. A gravação de uma única cena frequentemente exige múltiplas repetições, todas diante de uma equipe de filmagem e com a orientação de diretoras e diretores que fazem ajustes e dão instruções.

Isso não quer dizer que intérpretes de sexo não possam gostar do trabalho, mas, acima de tudo, é um trabalho. Não é uma experiência que ocorre nos próprios termos delas. Pelo contrário, o sexo nos filmes pornôs segue regras elaboradas para agradar a um público amplo. Isso inclui mostrar prazer e apresentar um leque de 'ideais' sexuais em um só vídeo. O 'pacote quente' geralmente envolve corpos atraentes, depilados, características sexuais principais e secundárias bem acima da média (em tamanho e aparência), vocalizações exageradas de prazer e resistência incrível.

Enfrentando Desigualdades - Ênfase no Prazer Masculino e Negligência das Necessidades Femininas na Pornografia Mainstream


Para ele, para ela

Outro problema da pornografia mainstream é o foco no prazer masculino, negligenciando as necessidades femininas. Na vida real, mulheres não ficam excitadas instantaneamente, podendo levar pelo menos 20 minutos para chegar ao clímax. Mas, nos filmes adultos convencionais, a ação se desenvolve pelo ponto de vista do homem, tendo como ápice a ejaculação masculina.


95% da pornografia foca no sexo vaginal e no sexo oral, enquanto, na vida real, apenas de 21% a 30% das mulheres chegam ao orgasmo com penetração, sem estimulação adicional. A maioria delas precisa de estimulação clitoriana e de uma longa preliminar para realmente se preparar para a relação e aproveitar o sexo.

Apesar do foco desproporcional no prazer masculino, homens que assistem pornografia mainstream também podem sofrer com baixa autoestima e imagem corporal negativa ao se compararem com o padrão de beleza exagerado das estrelas dos filmes. Os homens desses filmes são escolhidos explicitamente pela aparência física. Na maioria dos casos, usam medicamentos farmacêuticos (como Sildenafila, mais conhecida como Viagra) para manter uma ereção por horas de gravação, com muitas pausas fora da tela.

Embora a maioria das mulheres adultas saiba que o que vê na tela é uma encenação, precisamos admitir que muitos jovens aprendem sobre sexo por meio da pornografia — principalmente se não têm outros exemplos. A mente em desenvolvimento pode facilmente ser enganada e acabar adotando visões pouco saudáveis sobre consentimento e papéis de gênero.

Sexo hétero, branco

A pornografia mainstream carece de diversidade de corpos, raças e identidades de gênero. O par padrão nos filmes pornôs é composto por dois indivíduos brancos, heterossexuais, atraentes nos moldes tradicionais e sem deficiências aparentes. Apenas uma minoria se encaixa nesse perfil e, quem não se encaixa, costuma aparecer com muito menos frequência, normalmente como categoria 'especial', para fetiches, mas não no grupo 'normal'.

Levar a pornografia ao pé da letra nos deixa com visões extremamente limitadas do que um corpo deveria ser. Isso incentiva expectativas irreais sobre o que esperar de nossas parceiras e de nós mesmas — se você não se parece com uma estrela de filme, há algo errado... A imagem corporal negativa está ligada à baixa autoestima e pode impactar também a libido, impedindo o aproveitamento da intimidade e do sexo.

Essas inseguranças podem ser profundas. Algumas mulheres recorrem à vaginoplastia (tipo de cirurgia plástica), enquanto alguns homens buscam aumento peniano para tentar se parecer com os corpos que veem na tela. Embora toda pessoa seja livre para transformar o próprio corpo como desejar, buscar alterações motivadas por sentimentos de inadequação não é saudável.


Não é incomum que atrizes e atores de pornografia passem por cirurgias plásticas e outros procedimentos para alcançar a aparência exibida nos vídeos. Além disso, os sets contam com iluminação favorecedora e vídeos editados para esconder quaisquer imperfeições.

Não é prejudicial que casais assistam pornografia juntas para apimentar a vida sexual, mas há o risco de o consumo ficar unilateral e obsessivo, prejudicando o relacionamento. De acordo com uma pesquisa de 2002, 56% dos divórcios envolveram aumento do consumo de pornografia por uma das partes. Pesquisadoras e terapeutas relacionais concordam que, quando uma parte assiste desproporcionalmente mais pornografia, o casal tem maior risco de se separar.

Quem desenvolve uma relação problemática com a pornografia pode sofrer dificuldades de intimidade e incapacidade de se excitar sem estímulos visuais. Isso normalmente vem acompanhado de sentimentos de vergonha, que só aumentam o problema.

Vício em pornografia

Um estudo realizado em 2019 indica que o vício em pornografia ocorre em 3–6% das espectadoras adultas. Precisa ficar claro que 'vício' se refere a comportamento excessivo — por exemplo, alguém que tem dificuldade de se excitar sem pornografia não sofre, necessariamente, de vício.

O vício manifesta-se como consumo obsessivo de pornografia. Depois de desenvolver o vício, a pessoa não consegue controlar seu comportamento — tende a substituir o sexo real pela pornografia ou perde totalmente o interesse pelo sexo. Prioriza o consumo de pornografia em relação a parceiras, amizades e atividades cotidianas; torna-se dispersa e sofre com falta de foco. A linha entre uso exagerado e vício é tênue. Todas precisamos ficar atentas aos nossos comportamentos e buscar ajuda ao primeiro sinal de problema.

O tratamento costuma envolver psicoterapia, geralmente via terapia cognitivo-comportamental (TCC). Isso significa, primeiro, reconhecer o problema e identificar padrões de pensamento associados, para depois reprogramar como lidamos com essas questões, e buscar mais conforto no cotidiano.

Derrubando Mitos - Consumo Responsável de Pornografia e Ausência de Efeitos Adversos


Apesar de todas as histórias assustadoras, não há evidência de que aproveitar pornografia de forma responsável traga efeitos negativos. Incorporar pornografia à vida sexual é uma forma perfeitamente válida de dar mais sabor ao sexo, desde que o tema seja discutido antes e todas as envolvidas estejam de acordo.

Ok, digamos que você conversou com sua parceira e decidiram incorporar a pornografia à vida sexual. Mas e quanto ao próprio conteúdo?

Pornografia ética

A pornografia ética ou de comércio justo promove vivências sexuais consensuais e diversas, valorizando o consentimento e os limites de todas — atrizes, atores e equipe. Normalmente, quem cria esse tipo de conteúdo são produtoras e artistas independentes, pois o mercado tradicional ainda é reticente em mostrar pessoas reais vivendo sexo real.

As criadoras de pornografia ética mudam o foco para as necessidades e desejos femininos e buscam desconstruir estereótipos ultrapassados da indústria tradicional. Isso é extremamente necessário. Ela também amplia a variedade dos conteúdos adultos, incluindo prazer, identidade de gênero, idade, raça, tipos de corpo e muito mais! O objetivo é mostrar sexo real, em que quem participa tem liberdade para aproveitar de verdade. A diferença entre assistir situações fabricadas e uma exploração desinibida da sexualidade, em que todas são tratadas com respeito, é enorme.

Esses são alguns dos passos mais importantes para transformar a indústria pornô de um ambiente abusivo e explorador para uma fonte legítima de trabalho — e não algo reservado a quem está vulnerável e sem escolha.

Exploração e tráfico de pessoas

Normalmente, consumidoras de pornografia pouco pensam em como o conteúdo que estão assistindo foi produzido. Em grandes plataformas, raramente é possível saber se as pessoas envolvidas participaram consensualmente ou foram tratadas de forma justa.

O sexo exige uma dose de vulnerabilidade e, onde há vulnerabilidade, há risco de exploração. Grande parte do conteúdo online mostra uma sexualização doentia da mulher e agressões de gênero. Roteiros assim até podem ser gravados de forma consensual, mas raramente é o caso.

Há um número alarmante de relatos de intérpretes que sofreram abuso, coerção ou foram exploradas por diretoras, diretores e colegas em posição de poder. Mesmo quem entra na indústria por escolha pode acabar sofrendo abusos — de ser forçada a participar de roteiros incômodos, a cometer atos não acordados, até violência física e sexual.


O tráfico sexual é o negócio criminoso de maior crescimento no mundo. Homens, mulheres e crianças são sequestradas e forçadas a participar de pornografia que depois é vendida. A idade média das vítimas varia entre 12 e 14 anos.

Pode parecer contraditório — mas a maneira de combater o abuso é descriminalizar o trabalho sexual. Garantir segurança e justiça para quem atua na pornografia faz com que exploradoras e exploradores não possam mais operar na clandestinidade: quem quebra a lei responde por isso — mas é necessário que a lei exista e seja cumprida.

Uma relação saudável (& pornografia)

Assista sozinha ou com parceira, é essencial saber de onde vem o conteúdo pornográfico. Trabalho sexual é como qualquer outro: as trabalhadoras devem poder atuar sem medo pela própria segurança. Garanta que a pornografia que você consome venha de fontes éticas! Pornografia feita de forma responsável pode ser uma ferramenta positiva para quem está descobrindo a própria sexualidade ou quer explorar fantasias sexuais de maneira segura. Isso é possível sem apoiar a exploração de trabalhadoras do sexo.

Se você assiste pornografia estando em um relacionamento, é muito melhor ser transparente. O segredo alimenta a desconfiança. Masturbação faz parte dos cuidados consigo, seja solteira ou comprometida, mas é importante garantir que você não ultrapasse limites da parceira e depois esconda os fatos.

Se desejar incluir pornografia na relação, converse bastante antes. Talvez a parceira aceite assistir juntinhas; talvez prefira que cada uma assista sozinha desde que haja sinceridade — o fundamental é encontrar um consenso e ceder quando necessário.

Estando todas felizes e com os limites definidos, é possível usar a pornografia para dar um gás à vida sexual:

  • Apimente a relação — já falamos que a rotina pode acabar com o desejo. Novidades, como a pornografia, podem reacendê-lo. Pornografia ética pode ser ferramenta de aprendizado mútua — permite testar novas posições, técnicas e tentar reproduzi-las na cama.
  • Compartilhe fantasias — falar de desejos profundos pode ser difícil. Introduzir uma fantasia sexual por meio da pornografia pode facilitar esse processo. Se tiver dificuldade para se abrir, encontre um vídeo com algo parecido e assista junto com sua parceira.
  • Conheça seu corpo — a masturbação pode fazer parte da sua rotina de autocuidado. É uma forma segura e saudável de explorar o próprio corpo e sexualidade. O conteúdo adulto pode guiar na descoberta do prazer. Ao conhecer seu corpo, é mais fácil curtir o sexo com outra pessoa.


Se quiser reproduzir algo que viu em pornografia, mantenha a leveza! Muitas práticas são mais difíceis do que parecem; situações engraçadas são normais. E, antes de experimentar algo novo, pesquise bastante. Por exemplo, o  sexo anal ou BDSM pode causar lesões se não houver informação.

Descubra o que te faz bem e nunca hesite em falar de qualquer desconforto, por menor que seja. Acha que você e sua parceira podem curtir uma erotica picante? Proponha e teste por um tempo. Prazer seguro e consensual é um elo poderoso em relações saudáveis.

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https://www.culturereframed.org/porn-industry/
https://www.psychologytoday.com/us/blog/all-about-sex/201208/the-real-problem-porn-its-bad-sex
https://www.theguardian.com/culture/2014/nov/01/ethical-porn-fair-trade-sex
https://blogs.iu.edu/kinseyinstitute/2019/01/24/how-often-do-women-orgasm-during-sex/
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https://www.webmd.com/women/qa/what-is-vaginoplasty-and-labiaplasty#:~:text=Vaginoplasty%20is%20a%20procedure%20that,performed%20alone%20or%20with%20vaginoplasty.
https://www.npr.org/2017/10/09/556606108/research-explores-the-effect-pornography-has-on-long-term-relationships#:~:text=Transcript-,Married%20men%20and%20women%20who%20use%20pornography%20are%20more%20likely,worse%2C%20increasing%20the%20divorce%20risk.&text=STEVE%20INSKEEP%2C%20HOST%3A&text=New%20social%20science%20research%20explores,affects%20long%2Dterm%20romantic%20relationships.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6155976/
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https://www.medicalnewstoday.com/articles/porn-addiction#research
https://www.addictioncenter.com/community/signs-of-porn-addiction/
https://www.abc.net.au/news/2016-12-21/ethical-porn-does-it-exist-and-where-do-you-find-it/8091266#:~:text=Ethical%20porn%20can%20be%20defined,problem%20in%20the%20porn%20industry.
A frequência dos orgasmos varia de pessoa para pessoa. Algumas pessoas chegam ao clímax todas as vezes que fazem sexo, outras têm dificuldade em atingir o clímax. Existem diversas razões para, na ausência de um orgasmo, alguém fingir.
Fantasias sexuais são comuns. O conteúdo das nossas fantasias gira em torno de situações, objetos ou características que achamos excitantes, podendo inspirar cenários que vão do trivial ao bizarro.
O sexo é muito mais do que apenas o “grande O”. Toda a experiência—preliminares, fazer amor e o relaxamento após—tem potencial para ser unicamente prazerosa. Claro que o orgasmo é incrível, mas para algumas de nós, o acúmulo de excitação intensa também pode desencadear uma cefaleia intensa.